Uma tecnologia da Universidade do Minho que se encontra a ser explorada por uma das suas empresas spin-off, a SOMATICA - Materials & Solutions, viu reconhecida a sua novidade pela concessão do seu pedido de patente pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A tecnologia foi desenvolvida por uma equipa liderada pelo Porfessor Senen Lanceros-Méndez, do Departamento de Física, da Universidade do Minho, e diz respeito a Filmes não porosos na fase beta de poli-fluoreto de vinilideno orientados, processo para a sua obtenção e respectivas utilizações. Estes filmes poliméricos e o processo para a sua produção foram optimizados por esta equipa, de forma a serem particularmente eficientes na sua aplicação nas áreas electro-óptica, electro-mecânica e biomédica, como sensores, actuadores e baterias. A utilização deste material permitiria, por exemplo, desenvolver teclados flexíveis, para computadores ou telemóveis, écrans tácteis, ou mesmo têxteis inteligentes, estando estas aplicações a serem desenvolvidas pela Somatica, Materials & Solutions. Neste momento a Universidade do Minho encontra-se a aguardar pela decisão dos Gabinetes internacionais, uma vez que o pedido de patente, foi estendido para outros países.

No ambito da inauguração do INL, o CFUM mostra alguns projectos em áreas da nanotecnologia.
O Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia foi inaugurado esta sexta-feira, com pompa e circunstância. Portugal e Espanha entram de mãos dadas na dimensão da nanotecnologia e colocam a cidade de Braga no mapa-mundo da ciência.
O acontecimento reveste-se tal importância que reuniu o rei Juan Carlos de Espanha, o presidente português, Cavaco Silva, e os chefes de governo dos dois países, além dos respectivos ministros da ciência. A primeira fase do projecto implica um investimento de 110 milhões de euros. Portugal e Espanha são os co-fundadores, mas garantem que o projecto está aberto aos restantes Estados membros. O laboratório deverá estar operacional em 2010 e empregará 200 cientistas que sonham transformar a ficção em realidades, como lembra Senentxu Lanceros, director do Centro de Física da Universidade do Minho: "A ficção científica nunca esteve tão próxima, mesmo se o caminho ainda é longo. Mas sem dúvida que esta ficção científica, este querer fazer, é o motor de em, forma de ilusão, nos leva a fazer coisas aparentemente muito complicadas." As nanotecnologias são as tecnologias do infinitamente pequeno: matematicamente é 10 elevado à potência menos 9. Na vida real, começam a ser aplicadas em todos os sectores, da medicina à alimentação, da cosmética ao têxtil.

Notícia - Euronews

Nos dias 18 a 20 de Junho decorreu na FIL – Parque das Nações, Lisboa, a 4ª edição das Jornadas de Inovação promovidas pela AdI. Esta edição contou com a presença de mais de 200 expositores, entre os quais se contou a TecMinho, que apresentou alguns dos mais promissores resultados de investigação da Universidade do Minho (UMinho). Com o objectivo de divulgar a investigação realizada na UMinho, apoiar a sua valorização económica e dinamizar parcerias entre a UMinho e empresários ou institutos de investigação, a TecMinho promoveu activamente um conjunto de protótipos das áreas têxtil, materiais, física e electrónica, entre os quais se incluíram o sensor de granizo, a prótese vascular em estrutura têxtil entrançada com ondulações, o teclado com propriedades piezo- e/ou piroeléctricas, o microlaboratório para análise de fluidos biológicos, o sistema de conforto térmico, entre outros. Os protótipos apresentados suscitaram um forte interesse por parte dos participantes, tendo sido estabelecido um grande número de contactos que proporcionaram o agendamento de novas reuniões para promover a efectivação de parcerias. Paralelamente à feira, decorreram ainda conferências sobre inovação e reuniões bilaterais que contaram também com um vasto número de participantes.

A Universidade do Minho obteve concessão de uma patente relativa a uma matriz de imagem de Raios-X com guias de luz e sensores de pixel inteligentes, apropriada para radiografia dental, revelou ontem à Lusa fonte da instituição. O Gabinete da Reitoria adiantou que o invento pertence aos professores Gerardo Rocha e Senentxu-Méndez, dos departamentos de Electrónica Industrial e Física. Segundo os dois investigadores, "este sistema de imagem Raios-X digital, particularmente apropriado para a radiografia dental, proporciona excelente portabilidade, alta resolução espacial, sensibilidade melhorada e significativa redução da dose de operação". Conduz ainda segundo frisaram, "à redução dos custos de produção, quando comparados com dispositivos similares disponíveis no mercado". A patente, concedida a 8 de Janeiro pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), protege um sistema de diagnóstico radiográfico avançado, baseado numa combinação inovadora de detectores CMOS ("Complementary Metal Oxide Semiconductor"), electrónica de leitura para cada pixel, transferência de dados para o computador e cintiladores embebidos em camadas reflectivas, que formam guias de luz. IMAGEM O mesmo conceito pode ser também aplicado em outro tipo de paneis, com o objectivo de substituir outros processos de imagem de Raios-X. O INPI permitiu, através do Programa de Sistemas de Incentivos à Utilização da Propriedade Industrial (SIUPI), o desenvolvimento de um protótipo já próximo das necessidades do mercado, de forma a reduzir o risco na transferência desta tecnologia para um contexto industrial. Tal apoio, sustenta a fonte universitária, "acelera a identificação de parceiros para a sua exploração, actividade na qual a TecMinho/Associação Universidade/Empresa apoia a Universidade do Minho no âmbito da sua missão de apoio à valorização do conhecimento gerado na instituição".

Numa conferência já clássica pronunciada em 1959, "There´s Plenty of Room at the Bottom" [Há muito espaço lá em baixo], Richard Feynman nos abriu as mentes ao conceito da nanotecnologia. Existem definições mais ou menos ambíguas ou abrangentes, mas parece consensual a definição de nanotecnologia como o estudo, desenho, criação, síntese, manipulação e aplicação de materiais, dispositivos e sistemas funcionais através do controlo da matéria a nanoescala –um nanómetro é a milionésima parte de um milímetro. As dimensões dos sistemas a escala nanométrica oscilam entre 1 e 100 nm. Trata-se de um regímen amplamente interdisciplinar no qual a física, a química, a biologia, tecnologias da informação, engenharia, etc convergem para criar a nanociência, ciência a partir da qual surge a nanotecnologia, como um conjunto de técnicas utilizadas para manipular a matéria a escala dos átomos e as moléculas, permitindo, deste modo, a fabricação de novos materiais e dispositivos. Na sua famosa conferencia R. Feynman perguntou-se o que aconteceria se pudéssemos manipular os átomos? Hoje em dia começamos a dar resposta à pergunta: quando se manipula a matéria a esta escala, aparecem fenómenos e propriedades totalmente novas, os fenómenos de superfície cobram grande relevância; as propriedades físicas e químicas da matéria mudam à escala nanométrica: a condutividade eléctrica, a cor, a elasticidade, a reactividade, entre outras propriedades, comportam-se de maneira diferente que nos mesmos elementos a maior escala. Parece consensual que se trata de uma ciência que está a tomar protagonismo e relevância neste novo século, até ao ponto de estar na base de uma nova revolução industrial. Fala-se da nanotecnologia como uma "tecnologia de objectivos gerais", pois terá um impacto significativo na maioria de indústrias e áreas da sociedade, tanto no que diz respeito aos produtos como aos meios de produção, tal como já aconteceu com a electricidade ou as tecnologias da informação e comunicação. A nanotecnologia se tem materializado já em algumas aplicações nas áreas da fotografia, revestimentos duros, auto-limpáveis, farmácia, cosmética e sensores, entre outros. Em mais ou menos tempo aumentarão as aplicações com materiais resistentes e ligeiros construídos com polímeros reforçados com nanoparticulas, músculos artificiais fabricados com nanomateriais, novas aplicações informáticas com componentes mais rápidos, têxteis inteligentes, implantes inteligentes, ou sensores moleculares capazes de detectar e, eventualmente, destruir tumores e outras doenças, entre muitas outras. A nanotecnologia está, de forma geral, na fase de melhorar e controlar os métodos necessários para a fabricação de nanoestruturas. Em paralelo com o domínio e desenvolvimento das técnicas de fabricação, continuará o desenvolvimento do conhecimento das propriedades electrónicas, ópticas, magnéticas, químicas, destes sistemas. O conhecimento científico começa a plasmar-se em algumas aplicações, não entanto será nos próximos 5 a 10 anos quando se espera que apareçam numerosos produtos que comecem a ser comercializados. A partir de aí a nanotecnologia consolidar-se-á como indústria. Este percurso dependerá em muito da existência de aplicações práticas que atraiam o investimento privado, a redução dos custos de processos e equipamento, assim como de uma política que fomente seu desenvolvimento. Neste sentido o Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL), com sede em Braga, junto à Universidade do Minho é uma óptima noticia. Trata-se de um investimento numa grande infra-estrutura científica – tanto em superfície como em número de investigadores- numa área emergente e, por tanto, no momento apropriado. Voltando ao primeiro parágrafo, com o INL poderemos dizer tentando, modestamente, parafrasear ao R. Feynman "There are Plenty of Room in There" [Há muito espaço lá dentro] – mais de 10000 m2 de laboratórios. Espaço físico e espaço para a investigação e o desenvolvimento interdisciplinar; espaço para a mobilização, para a colaboração e para o dinamismo. O que se espera do Instituto e para o Instituto são objectivos claros, muito trabalho e independência; assim como planificação e financiamento adequados. Que atinga a excelência na suas áreas de intervenção e que dê exemplo dela. Se assim for.... o sucesso estaria garantido e esse "espaço lá dentro" e o que lá se fizer poderá ser de grande importância para o desenvolvimento científico e tecnológico de Portugal e as jovens gerações. Como é o "espaço lá em baixo" que nos mostrou Feynman para a ciência e a tecnologia.

Ciência Hoje: 15 de Janeiro de 2008